sexta-feira, 20 de março de 2009

Deus mudou de lay out

Seria muito irreverente supor que Deus mudou de lay out?
O que há neste ser que ocupa um lugar tão central em nossas existências, sendo que ninguém nunca o viu? Mesmo aqueles que há muito deixaram de senti-lo como um velhinho de barba sentado em um trono celestial, raramente param para elaborar sua relação com Ele. Apenas dão de barato Sua existência, conversam com Ele, esperam e demandam Dele algo.
Perguntados, as respostas vão para: "é um princípio criador", "e uma energia", "é incogniscível"! Há bons verbos para descrever este Deus no verborrágico discurso pós-moderno. Sinais dos tempos, claro? Mas estamos nos devendo uma pesquisa em como de fato ele é visto, ou sentido. É provável - claro, esta é apenas uma hipótese em que creio - que em nossa busca de conexão com o Princípio continuemos projetando a imagem do Grande Pai velhinho e barbudo. Porque é mais fácil, porque materializa o personagem do nosso diálogo? É possível: é difícil conversar com energias...
Mas outra pergunta a se fazer seria: qual o impacto deste fato para a nossa religiosidade? O que continuamos reproduzindo ao desenharmos essa interlocução com os deuses de nossa infância? Se racionalmente deletamos as pueris imagens dos personagens celestiais, mas emocionalmente dialogamos com eles, aonde poderiam estar se dando as transformações que supomos ocorrem no seio de uma nova espiritualidade?
Em uma era em que os grandes discursos faliram, e a fragmentação das verdades alcança também o mundo das crenças religiosas, há uma nova espiritualidade nascendo em uma humanidade que ainda não se deu conta de seu parto.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Uma nova perplexidade?


Será que há algo novo em nossa perplexidade? Ou ela se iguala à dos indios, dos aborigenes, dos bosquímanos africanos que aportaram há séculos entre nós, do homem medieval?

Algo há de novo, claro, nos cenários por onde circulamos neste início do terceiro milênio: nunca fomos tantos, e nunca circulamos tanto, fisica ou virtualmente. Nos é dado conhecimento de tradições que permaneceram isoladas por séculos. Visitamos e somos visitados em um fluxo intercontinental inaudito. Lemos e temos acesso a hábitos e costumes como nunca antes. Nos comunicamos em uma velocidade que nos surpreenderia há poucas décadas.

Criamos megalópoles inéditas, avançamos em conexões tecnológicas nunca experimentadas. Os impactos sobre o estar no mundo - sobre os costumes, sobre as atitudes - é imenso. O núcleo familiar mudou de eixo, a longevidade traz novas questões, as questões afetivas e sexuais são rediscutidas, os generos são reinventados. E a relação do homem com o Cosmos? Não poderiamos supor que não houvesse sofrido mutações no bojo de transformações que parecem afetar o conjunto da presença humana sobre a Terra.

Quando nos perguntamos se há algo novo na perplexidade humana diante da Vida, reconhecemos que a perplexidade não é nova. Atravessamos nossa efêmera existência por este plano espantados com a inacessibilidade das estrelas. E se aceitamos a impossibilidade de respostas para estes abismos, algo em nós se debate, na ânsia de Conhecer. O que nos inquieta, esta é nossa pergunta, é que forma de espanto tomou conta de nós diante um mundo freneticamente novo e mutante? Como nos explicamos diante do Abismo, e como elaboramos nossas respostas diante da necessidade de Deus?

Há algo de substancialmente diferente em nossas respostas? Ao buscar sentido hoje, qual o Sentido de nossa época?